O GIRASSOL

Palmas/TO,

Especial
Empreendedorismo na Pandemia

30/08/2021

Professor aposentado transforma geladeira que iria para o lixo em tapiocaria

Com investimento total de R$ 1.700,00 ele diz que já chegou a faturar média de R$ 2.700,00 por mês com vendas de tapiocas

Divulgação

Professor Parreira conta que iniciou esse sonho em março de 2021, em meio a pandemia com um investimento de R$ 1.700,00 e diz que já chegou a faturar média de R$ 2.500,00 a R$ 2.700,00 por mês

Luana Evangelista

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A pandemia do novo Coronavírus chegou e muita coisa mudou no país, entre elas as formas de sobrevivência de muitas famílias. Foi exatamente o que aconteceu com o professor aposentado, Modesto Gonçalves Parreira, de 75 anos, morador de Palmas/TO há 30 anos. Segundo ele, a renda familiar não estava batendo com as despesas e começou a pensar em alternativas para driblar a crise financeira. “Deus o que eu faço? E Ele me iluminou. Vou ser empreendedor”, conta o Parreira, como gosta de ser chamado.

Nesse período de planejamento e organização do que poderia abrir para melhorar sua renda, o professor conta que foi visitar um amigo em uma chácara e foi quando tudo se iniciou. “Visitei um amigo numa chácara e vi uma geladeira que, aparentemente, não estava mais sendo usada e perguntei o que ia fazer com aquela geladeira, e, ele me respondeu que iria para o lixo e pedi para me dar e daria um novo destino a ela. Ele mesmo deixou na minha casa porque não tinha como levar. Daí fui em um ferro velho e comprei duas rodas, uma lata de tinta, mandei fazer uma placa com o nome”, conta orgulhoso.

Mas o sonho do senhor Parreira estava só começando. Ele transformou a geladeira que iria para lixo em um carrinho para produzir tapiocas recheadas na região sul da Capital. “Vi que o carrinho estava tomando forma e que daria certo. Mas sempre ouvi que para se ter sucesso no empreendedorismo, é preciso muita pesquisa, planejamento e dedicação para agradar os futuros clientes. Fiz pesquisas, estudei culinária e quando achei que estava preparado fui até o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) abrir uma MEI (Microeemprendedor Individual) e depois foi só colocar em prática”, explica o professor.

Com a pandemia do novo Coronavírus, os desafios, para quem sentiu a necessidade de empreender na área da alimentação, foram grandes. “Os desafios são diários e os empreendedores têm buscado se manterem no mercado, mesmo diante do contexto que estamos vivendo. Fechamento de estabelecimentos alimentícios, falta de conhecimento das ferramentas mídias digitais, como a venda e-commerce, posicionamento nas redes sociais, dificuldades no atendimento e o comportamento do novo consumidor estão entre as questões que podem atrapalhar o gerenciamento do negócio” afirma Adelice Thomaz, analista do Sebrae/TO.

O professor garante que tem inovado e buscado criatividade para conquistar os clientes. “As “tipiocas” como são chamadas, começaram a ser comercializadas inicialmente entre amigos e foi ganhando espaço na comunidade. Já cheguei a vender cerca de 70 tipiocas por dia”, conta Parreira.

De acordo com dados do Sebrae, o número de MEIs na área da alimentação, que incluem lanchonetes, restaurantes, serviços ambulantes de alimentação, cantinas, entre outros estabelecimentos que atuam com alimentos, houve um aumento considerável de MEIs. Em março de 2020, antes da pandemia do novo Coronavírus, haviam 9.507 MEIs; em agosto deste ano, 12.010 MEIs, ou seja, um aumento de 2.503 microempreendedores individuais.


Dados Tocantins (cartela)

MEI: 10.470

Microempresa: 1.454

Empresa de Pequeno Porte: 86


CIDADES

Palmas: 4.053

Araguaína: 1.298

Gurupi: 727


Investimento

Professor Parreira conta que iniciou esse sonho em março de 2021, em meio a pandemia com um investimento de R$ 1.700,00 e diz que já chegou a faturar média de R$ 2.500,00 a R$ 2.700,00 por mês com a venda de tapiocas. “Fui conquistando meu espaço com muita sabedoria e humildade. Vendendo a tapioca pequena por R$ 8,00; a média 10,00; e a grande 12,00. Todas recheadas com carne de sol e muito queijo”, explica.

E ninguém melhor para falar do produto do que os próprios clientes. Eliane Pereira Silva, 27 anos, conta que foi visitar familiares no Aureny 3 e chegou a experimentar a tapioca. “Uma delícia! Tudo feito com muito capricho e cuidado. Atendimento muito bom. A gente percebe que ele faz o que ama. A tapioca está aprovada! Vale cada centavo pago”, conta Eliane.

Para que se tenha sucesso no mundo empreendedor, o Sebrae tem uma extensa programação que auxilia quem quer ser um empreendedor de sucesso, no ramo da alimentação. “Nós temos parceria com a Vigilância Sanitária e realizamos palestras mensais sobre segurança alimentar, além disso, oferecemos consultorias Sebraetec, com abordagem a partir do manual de boas práticas da alimentação, criação de cardápios, bem como consultorias empresariais, que visa orientações sobre formação do preço de venda, melhorias no atendimento, entre outras ações”, explica Adelice Thomaz, analista do Sebrae/TO.



Reaproveitamento

Mas o pequeno negócio do senhor Parreira vai muito além da produção e venda das tapiocas. Para ele, cuidar do meio ambiente é primordial em sua vida. “Sou professor aposentado há cerca de 30 anos aqui na Capital. Mas sempre quis mais. E aos 70 anos me formei em química pela (UFT) Universidade Federal do Tocantins e quando me vi na busca por uma renda a mais nessa pandemia, a primeira coisa que pensei foi em reaproveitar, cuidar do meio ambiente e diminuir o máximo o investimento, porque não tinha muito dinheiro. Com isso, surgiu o reaproveitamento da geladeira que iria para o lixo”, explica.

E pensando no cuidado com o meio ambiente, o Sebrae orienta toda classe empreendedora a trabalha reaproveitamento de materiais sem prejudicar o meio ambiente. “Para beneficiar o meio ambiente o empreendedor deve se utilizar dos 5 R´s da Sustentabilidade (Reduzir, Repensar, Recursar, Reciclar e Reutilizar). Trata-se de uma mudança de minset: viver com menos; analisar se preciso ou não de determinado bem ou serviço; recusar quando forem supérfluos; e se necessário a aquisição, verificar a forma de reciclagem, reutilização e descarte correto. Isso contribui com um consumo consciente e mais sustentável”, explica Flávia Cappellesso, analista do Sebrae/TO.



Dicas empreendedorismo

O senhor Parreira conta que para ser um empreendedor, principalmente em tempos de pandemia, é necessário disposição, criatividade, ser humilde e não se importar com o que os outros vão pensar. “Um dia uma pessoa chegou pra mim e disse: um professor vendendo lanche? Eu disse: é feio isso? Me diz qual a desonrra que vai me impedir de vender lanche? Eu gosto de interagir com o povo, gosto de bater papo, ajudar as pessoas. Pra mim é melhor que ficar dentro de casa. Eu oriento as pessoas é ter fé e ir pra cima das oportunidades, que são várias, só escolher uma, aquela que você mais gosta de fazer e fazer. Vai dar certo”.

E pelo que tudo indica, o senhor Modesto está no caminho certo. De acordo com a analista do Sebrae/TO, Adelice Thomaz, é preciso estar antenado nas atualizações no ramo da alimentação. “Quem busca empreender nesse ramo é importante ter atenção ao mercado, à formação do preço de venda, a adequação do espaço seguindo as normas da Vigilância Sanitária, e claro, observar a viabilidade econômica para o tipo de alimentação que deseja atuar”, diz.

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