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12/03/2021

AVALIAÇÃO DE EMPRESAS E VALUATION

O mercado considera a metodologia do VALUATION - Fluxo de Caixa Descontado como a mais adequada para apurar o intervalo de valor para o preço da firma.

Avaliação de empresa é um assunto recorrente do mundo empresarial. Quem não quer saber quanto vale o seu negócio, a sua ideia, a sua startup, o escritório de advocacia, a companhia com ações na bolsa, enfim, no capitalismo tudo tem seu valor.


Buscando esse sentido racional, debrucei-me sobre as várias metodologias existentes, sendo as principais: VALUATION, MÚLTIPLOS DE MERCADO, VWAP e VALOR PATRIMONIAL.


O primeiro, VALUATION, composto pelo Fluxo de Caixa Livre menos a taxa de desconto (WACC, significa o custo do capital). Deve ser feito uma análise com base em projeções econômico-financeiras de longo prazo da empresa. Capturar as mudanças no setor e no desempenho da companhia no curto, médio e longo prazo através do impacto desses fatores no fluxo de caixa projetado.


Já os Múltiplos de Mercado, são feitos com base no EBITIDA (do inglês, Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, significa, com relação um período, a soma do lucro operacional antes das despesas e receitas financeiras, impostos, depreciação e amortização), nos últimos 5 anos, com base na média dos múltiplos de negociação de empresas comparáveis no Brasil e no exterior. Reflete o valor da empresa baseando-se em avaliação de empresas comparáveis, sem levar em consideração especificidades da firma.


A terceira metodologia, VWAP (do inglês, Volume Weight Average Price, significa preço médio ponderado do volume de negociação), reflete o valor de mercado da empresa no período em análise, muito usado com empresas com ações negociáveis na bolsa. Já o Valor patrimonial, posição de patrimônio líquido da firma, reflete o valor da companhia por critérios contábeis.


O mercado considera a metodologia do VALUATION - Fluxo de Caixa Descontado como a mais adequada para apurar o intervalo de valor para o preço da firma. Na minha opinião, essa metodologia consegue capturar da melhor forma as mudanças no setor e no desempenho da companhia no curto, médio e longo prazo através do impacto desses fatores nos fluxos de caixa projetados, ao contrário das outras metodologias que são mais focadas na performance de curto prazo e/ou não conseguem capturar tão bem as especificidades da empresa.


Uma vez que optamos pela metodologia do VALUATION, devemos considerar o planejamento estratégico de crescimento da empresa, pelo período de 5 anos, considerando o método de fluxo de caixa descontado, sempre desalavancando as projeções futuras. Nessa metodologia, os fluxos são descontados pelo custo médio ponderado do capital (WACC) para cálculo do seu valor presente. Taxa anual de crescimento (CAGR), medida pela receita líquida, com a expansão anual de volume moderada e um ajuste de preços inflacionários.


É de suma importância calcularmos o ciclo de caixa, composto por contas a receber, estoques e contas a pagar, projetado com base em dias de receita líquida, atingindo um resultado nominal também em dias. O valor da perpetuidade, embasada em uma expectativa de que a companhia atingirá sua maturidade em 5 anos, não havendo previsão de investimentos adicionais para expansão, assim assumimos uma taxa de crescimento residual para a perpetuidade.


A taxa de desconto WACC deve ser calculada com base em: (1) taxa de retorno sem risco, (2) prêmio e risco empresarial), (3) beta alavancado do setor e (4) risco país.

Segundo o advogado ELCIO REIS, sócio fundador do escritório ELCIO REIS ADVOGADOS, com sede em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, com ampla atuação nas áreas Tributária, societária e de M&A, esclarece que para minimizar riscos societários e prevenir litígios é importante que os sócios se preocupem com a redação do contrato social, inserindo cláusulas que prevejam, desde logo, critérios adequados para apuração de haveres, estabeleçam regras para sucessão, interdição, alienação de participação societária, sendo desejável, inclusive, a compromisso arbitral, evitando, desta forma, que litígios envolvendo os sócios e a sociedade sejam levados ao Poder Judiciário.


O Superior Tribunal de Justiça tem entendido, de forma ambígua, que “O fluxo de caixa descontado, por representar a metodologia que melhor revela a situação econômica e a capacidade de geração de riqueza de uma empresa, pode ser aplicado juntamente com o balanço de determinação na apuração de haveres do sócio dissidente.” (REsp 1335619/SP). Vejam que o STJ aplica o fluxo de caixa descontado em conjunto o chamado balanço de determinação, que é um conceito fluido, que representa, de fato, o valor econômico da sociedade. Ou seja, qual seria a metodologia para apurar o valor da empresa?


Apesar da falta de comparáveis diretos no mercado brasileiro, reiteramos que o fluxo de caixa descontado é, na nossa opinião, a metodologia mais adequada para apuração do intervalo de valor para a maioria das companhias.

 

Autor: PATRICK FEIBELMANN, especialista em Valuation, empresário, administrador de empresas, pós-graduado em sistemas de informação com especialização em qualidade total pela UFMG. Vinte anos de experiência empresarial, consultor de empresas, atuando em diversos projetos, conselheiro de firmas e apoiador de startups.

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