Meio Ambiente
23 Apr 2018
15:51
Alvaro Vallim
Naturatins e parceiros discutem o futuro dos rios e recursos pesqueiros do Tocantins
Na tarde desta
sexta-feira, 20, o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), por meio da
Diretoria de Licenciamento Ambiental e parceiros, reuniram no auditório do
órgão, técnicos, acadêmicos e sociedade em geral, para discutir o futuro dos
rios e recursos pesqueiros do Tocantins.
O professor da
Universidade Federal do Tocantins (UFT), o doutor Fernando Pelicice, discorreu
sobre os Impactos da construção de barragens sobre a ectiofauna. Ele demonstrou
o grande número de barragens no Tocantins, bem como as que estão projetadas.
Falou também sobre as rotas migratórias dos peixes e enfocou a redução dos
cardumes nas bacias dos Rios Araguaia e Tocantins, em razão das bacias estarem
alteradas.
“Esse fato é
concreto, é um termômetro. Segundo os pescadores essa redução dos peixes, está
cada vez maior. Muitas espécies desapareceram e isso é um prejuízo para a
diversidade aquática. O estado do Tocantins é um reflexo do Brasil. A
construção de barragens começou no sul e sudeste e está subindo para o norte e
nordeste”, apontou.
Na visão do
pesquisador em relação à polêmica sobre a interligação do Rio Tocantins com o
Rio São Francisco, ele disse considerar negativa. Explicou que o Rio São
Francisco está destruído devido a grande quantidade de hidrelétricas e
desmatamento ao longo do rio. “O agronegócio é importante para a economia, mas
é altamente insustentável, porque destrói o solo, provoca erosão e
assoreamento, que resulta na destruição dos mananciais e ocorre desequilíbrio
ecológico”, assegurou.
Há cerca de 20 anos
pesquisando peixes das bacias dos Rios Tocantins e Araguaia, o professor da
UFT, o doutor em Ecologia Carlos Sérgio Agostinho, considera relevante o
evento. E também faz criticas a construção de barragens. Ele destacou que
encontros com este, são bons para atualizar as informações. É sempre importante
lembrar que os impactos sempre existiram e sempre existirão. Porém, é
necessário tomar atitudes para tentar minimizá-los.
“São adotadas
muitas medidas, mas nem sempre são efetivas. Os grandes impactos são relativos
à construção de barragens. Sem dúvida as hidrelétricas são o maior problema para
a ectiofauna, isso porque os rios brasileiros estão se transformando em uma
sequência de lagos”, considerou.
Além das palestras,
a programação contou com painéis sobre a situação das barragens existentes no
Tocantins, bem como sua influência no meio aquático. Os participantes
tiveram acesso à coleção científica de peixes da UFT, formada por peixes em
processo de extinção e até já extintos. A coleção demonstrou uma variedade de
mandís e pacus do Tocantins. Também foi apresentada espécies de peixes das bacias
do estado do Tocantins, em aquários.
Para o biólogo e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Tocantins (IFTO), Pedro Ribeiro, um evento como esse é
de grande relevância em razão de ser uma discussão sobre a preservação, não
somente dos peixes. “Quando começamos preservar as espécies de peixe a gente
acaba incentivando a preservação da espécie humana. Por que se não investir em
pesquisa visando à preservação, seja dos peixes migratórios, das águas ou dos
outros grupos, acaba-se tirando o foco do planeta como um todo. Não
incentivar esse tipo de ação, é o mesmo que condenar o ser humano a sua
extinção”, refutou.
Para o biólogo e
doutorando em Ecologia e um dos organizadores do evento, Oscar Vitorino, as
discussões sobre a migração dos peixes estão começando no Brasil. Mas ele
afirmou que só de se conseguir criar uma conscientização das pessoas, delas
respeitarem os peixes migradores, os tamanhos para se pescar, os locais e a
legislação, já é muito positivo. “Neste evento tivemos um público interessante,
isso mostra que esse público já está mais consciente, e temos o que comemorar”,
enfatizou.
Parceiros
O Dia Mundial de
Migração de Peixes teve origem na Europa, onde foi fundada a World Fish
Migration Foundation, que incentiva e sincroniza os eventos em todo o mundo,
para celebrar a importância da preservação dos rios para os recursos pesqueiros
e as populações humanas.
Neste ano a
celebração conta com mais de 500 eventos pelo mundo, principalmente na Europa e
Estados Unidos. Nove eventos serão no Brasil, sendo um no Tocantins/Naturatins.
O evento é organizado com colaboração da ONG Projeto Pirapitinga, e financiado
pela Rufford Foundation, entidade de apoio a projetos ambientais em todo o
mundo.