Saúde
Rafael Julião | 21/01/2020 |
Psiquiatra da Junta Médica Oficial do Estado dá dicas sobre saúde mental no ambiente de trabalho
Além do diálogo aberto e respeito entre colegas e superiores, Rafael explica que a saúde mental no trabalho envolve responder as seguintes perguntas: “Você faz o que você gosta?”, “Você quer evoluir ou quer ficar como está?”.
Segundo a OMS (OrganizaçãoMundial da Saúde), os transtornos mentais e comportamentais estão entre asprincipais causas de perdas de dias de trabalho no mundo e dentre os servidoresdo executivo estadual essa realidade não é muito diferente. Dados da JuntaMédica Oficial do Tocantins, apontam que somente em 2019 foram mais de duas millicenças concedidas por razões psiquiátricas.
Para o médico e perito naJunta Médica oficial do Estado, Rafael Julião, por dedicarmos a maior parte dodia no mesmo lugar, um ambiente de trabalho equilibrado se torna essencial, porisso que a Secretaria da Administração tem desenvolvido algumas ações quebuscam mais qualidade de vida para o servidor.
Segundo ele, o tipo detrabalho, o ambiente organizacional, as habilidades e competências dosservidores devem ser observados com mais atenção, pois tendem a ser fatores derisco, principalmente quando geram uma pressão por resultados. “Às vezes aspessoas idealizam esses resultados que, quando não atingidos, geram umafrustração e se o profissional não conseguir lidar com ela, tende a geraralguns transtornos mais sérios” afirma.
E é de olho em diminuir essenúmero de licenças e garantir mais produtividade e qualidade de vida aosservidores estaduais, que a Secad iniciou ações que buscam promover a saúdefísica e mental. Um projeto piloto já está em desenvolvimento pela pasta, comações de ginástica laboral, promoção de saúde e atividade física, entre outros.
Fique atento!
O médico ressalta algunscomportamentos que devem ser observados. “A grande maioria das avaliaçõespsiquiátricas que nos deparamos aqui na Junta Médica giram em torno detranstorno ansioso e transtorno depressivo. Tais casos geralmente começam comum tipo bem específico de comportamento” diz Rafael.
Se corriqueiros, o estressepor excesso de atividades ou falta de resultados são fatores importantes nagênese destes transtornos e que geram um sentimento de incapacidade que podefazer com que o profissional se isole e não queira conversar com colegas pormedo de que outros vejam que “há algo errado comigo”.
Rafael afirma que ocomportamento deve ser o contrário disso. “Conversar sempre será a melhorsolução! O super-homem e a mulher maravilha só existem no cinema, somos todoscheios de qualidades e fraquezas e dentro disso tudo os nossos sentimentos,precisamos refazer as conexões de amizade, de pessoas de confiança em nossotrabalho, até mesmo nosso chefe, para podermos desabafar sobre suasdificuldades do dia a dia”.
Outro comportamento de deveser observado é a falta de sono ou ausência de um sono de qualidade. Isso afetadiretamente a qualidade do serviço e a capacidade de concentração.
“Empatia, relação de franquezae feedback são essenciais nas relações de trabalho” diz o psiquiatra.
O que fazer
Além do diálogo aberto erespeito entre colegas e superiores, Rafael explica que a saúde mental notrabalho envolve responder as seguintes perguntas: “Você faz o que vocêgosta?”, “Você quer evoluir ou quer ficar como está?”. Se a resposta forpositiva, busque perceber o que está te impedindo de melhorar.
“Pense no que você pode fazerpara evoluir, melhorar, se sentir mais eficiente, produtivo e útil paraambiente. Não estamos falando em retorno financeiro, pois antes de tudo devemospensar na satisfação profissional. Nosso foco não deve ser trabalhar pordinheiro, devemos buscar resposta pessoal, o dinheiro é consequência dotrabalho” ressalta.
Um passo adiante para asatisfação profissional, segundo Rafael, é estabelecer metas, palpáveis,tangíveis e de acordo com a atual realidade do servidor. “Cada pequena metaalcançada tem um efeito de impulsionar o profissional a ir além e esse sentimentoé essencial neste ambiente de trabalho de estabilidade” afirma o psiquiatra.
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