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25/07/2020

Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha: uma data para refletir e lutar por igualdade étnica

A data é um momento para se refletir e lutar por direitos e acesso a políticas públicas de igualdade racial e de gênero para as mulheres negras, latinas e caribenhas

Emerson Silva/ Governo do Tocantins

Tendo em vista a desigualdaderacial atrelada também ao universo feminino, as mulheres negras, latinoamericanas e caribenhas lutam há muitos anos por igualdade de raça e gênero ecombatem à discriminação étnica que leva ao contexto de violência. Dados daOrganização das Nações Unidas (ONU), indicam que dos 25 países com os maioresíndices de feminicídio do mundo, 15 ficam na América Latina e no Caribe. NoBrasil, conforme informações do Atlas da Violência de 2019, 66% das mulheresvítimas de feminicídio eram negras.

Diante de tanta desigualdadee discriminação, um grupo formado por mulheres negras, latino americanas ecaribenhas se reuniu há 25 anos para buscar formas de identificar e combater oracismo e o machismo, presentes em diversos locais e contextos sociais, com afinalidade de transformar nações no mundo inteiro. Desta decisão, surgiu o Diada Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, lembrado em 25 de julho ereconhecido pela ONU.

Deste modo, a Secretaria deEstado da Cidadania e Justiça (Seciju) destaca esta data como um momento pararefletir e ampliar ainda mais a luta, de todos os dias, de combate ao machismo,ao preconceito e a discriminação contra a mulher, e assim elaborar políticaspúblicas que protejam as mulheres e garantam respeito à diversidade étnica eigualdade de gênero.

“Em um País onde 66% dosfeminicídios, que ocorreram em 2019, foram contra mulheres negras, significaque no Brasil há uma desigualdade de gênero e étnica, com isso precisamoscontinuar e avançar com ações contínuas de conscientização e combate àdiscriminação, e também trabalhar para implementação de políticas públicas comtodos os órgãos participantes da Rede de Proteção da Mulher para mudar de fatoessa realidade. É um desafio, mas estamos avançando na luta”, explica a gerentede Políticas e Proteção às Mulheres da Seciju, Flávia Laís.

O dado que a gerente serefere foi divulgado no mais recente Atlas da Violência, de 2019, realizadopelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro deSegurança Pública. No Tocantins, dados do Mapa da Violência mostram que osassassinatos de mulheres negras cresceram 82,4% no período de 10 anos, entre2003 e 2013.

Essa desigualdade também érefletida no campo profissional. Um levantamento do Observatório da Diversidadee da Igualdade de Oportunidades no Trabalho, em Araguaína, mostra que a médiasalarial da mulher de cor branca no mercado formal da cidade é de R$ 1.426,00,já para a negra a média é de R$ 909,00. Esses números revelam que, mesmo apósmais de 130 anos livre da escravidão, o Brasil segue preso a distinção de umamulher pela sua cor.

Importância da data

Dada as inúmerasdesigualdades, em 1992, um grupo de mulheres organizou o primeiro Encontro deMulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingos, na RepúblicaDominicana, no qual debateram sobre machismo, racismo e como combatê-los. Desteencontro, surgiu a Rede de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhaspara lutar mundialmente pelos direitos e acesso a políticas públicas. Ainda em1992, o encontro se transformou em uma data marcada todos os anos e reconhecidapela ONU: 25 de julho, Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha.

Já no Brasil, em 2004 a datafoi instituída legalmente como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da MulherNegra, em memória e homenagem a Tereza de Benguela, líder de um quilombo noMato Grosso que tornou símbolo da mulher negra e indígena no País. Ela queviveu no século 18 e que foi morta em uma emboscada. De acordo com o Geledés -Instituto da Mulher Negra, Tereza se tornou rainha do quilombo do Quariterê, noMato Grosso, quando o marido morreu, e acabou se mostrando líder, criando umparlamento local, organizando a produção de armas, a colheita e o plantio dealimentos, além de coordenar a fabricação de tecidos que eram vendidos nasvilas próximas.

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