Um dos timoneiros da vitoriosa luta pela criação do Tocantins, o publicitário tocantinense de Novo Acordo, José Carlos Leitão, partiu para a eternidade no último domingo, dia 12, quando o país inteiro comemorava o Dia das Crianças; nele que, aliás, ainda habitava uma alma de criança. Pois bem, tive o privilégio, a honra, de participar de vários eventos memoráveis ao lado desse gigante de sonhos impossíveis, mas materializados.
Portanto, o primeiro grande desafio na ocasião foi aceitar o seu convite para integrar a luta pela criação do Tocantins, ali, pelo portal de entrada dos anos 80, eu estudante em Brasília, cuja Capital Federal foi a matriz, ou melhor, o quartel-general que acolheu a Conorte ( Comissão de Estudos dos Problemas do Norte Goiano), a principal trincheira da luta separatista, e que tive o privilégio de fazer parte daquela combativa diretoria, sendo José Carlos presidente.
A partir daí, nascera um vínculo de amizade entre nós de décadas, dificilmente ficávamos mais de um mês sem um encontro, uma fala, sempre revestida de preocupação com os rumos do Estado. Em 2024, Leitão gravou dois vídeos, espontaneamente, de apoio a minha campanha política a prefeito em Almas.
Na verdade, o legado deixado por José Carlos é inspirador, estimulante e pode influenciar qualquer geração por causas legítimas e cívicas. O saudoso, merecedor de muitos tributos em vida, o que pouco ou quase aconteceu, além de ter liderado uma luta, uma peleja que perdurou por quase uma década, só vindo a cessar com o epílogo de 05 de outubro de 1988, ou seja, com a criação do Tocantins pela Assembleia Nacional Constituinte, não teve, durante esses anos pós conquistas libertárias, o reconhecimento devido, seja de políticos, governantes, entidades representativas, e até dos partícipes da luta.
Em suma, morreu com poucos à sua volta, sem o devido reconhecimento, com muitos usufruindo do espólio da sua luta. Contudo, seus verdadeiros amigos e admiradores jamais esquecerão o brilhante papel que você representou para que o Norte deixasse de ser vassalo dos lacaios do Sul de Goiás. Num paralelo, que a música Cidadão, de José Geraldo, não seja um retrato vivo, sequencial para muitos que lutaram para criar o Tocantins, todavia não ficaram e não estão nem na periferia dos seus acontecimentos.
Daqui, nossos laboriosos esforços vão continuar para que o Tocantins cumpra os objetivos para os quais foram criados, e que você tanto lutou e sonhou.
Por Goianyr Barbosa
Jornalista, cantor e compositor, fez parte da diretoria da Conorte, exercendo o cargo de presidente após a criação do Estado do Tocantins.
